 
                    1. Classificação e histórico da cultura
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de  frutas, atrás apenas da China e Índia e o décimo quinto maior  exportador, tendo exportado 918 mil toneladas de frutas em 2007 (PORTAL  DO AGRONEGÓCIO, 2009).
Dentre as frutas produzidas no Brasil, a acerola (Malphigia glabra  L.), vem ganhando cada vez mais espaço no mercado, destacando-se como o  maior produtor, exportador e consumidor da fruta (JUNQUEIRA et al.,  2004).
São conhecidos como países produtores de  acerola: Barbados, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Estados Unidos,  Guiana Francesa, Filipinas, Haiti, ilhas do Mar do Caribe, México, Peru,  Suriname, Venezuela, Vietnã e alguns países da África. Destacam-se como  maiores importadores da fruta os Estados Unidos, Japão, Holanda,  Alemanha e França (MANICA et al., 2003).
A acerola é uma dicotiledônea, pertencente à família Malpighiaceae e gênero Malpighia.  Este gênero possui cerca de 30 espécies de arbustos e pequenas árvores  encontrados em seu estado natural nas Américas tropical e subtropical  (ASENJO, 1959, apud, TEIXEIRA & AZEVEDO, 1994).
É uma planta de clima tropical, a qual  produz frutos muito ricos em vitamina C. Foi encontrada em forma natural  ou cultivada nas Ilhas do Caribe, ao Norte da América do Sul, na  América Central e parte do México (RITZINGER & RITZINGER, 2004).
A descoberta em Porto Rico, que a  acerola apresentava alto índice de vitamina C, estimulou o plantio em  grande escala naquela região. No Brasil existiam pomares domésticos  desde 1920, não tendo despertado interesse comercial durante muitos anos  (MANICA et al., 2003).
A Universidade Federal Rural de  Pernambuco introduziu a planta em Recife no ano de 1955 e no ano de 1984  iniciou uma campanha em todo o Brasil, a qual divulgava o valor da  acerola na alimentação humana, estimulando o plantio (RITZINGER &  RIFTZINGER, 2004).
Na década de 1980 houve um crescimento  explosivo e desordenado dos plantios de acerola no Brasil, mas a falta  de planejamento dificultou o escoamento da produção. A carência de  infra-estrutura adequada ao processamento e conservação pós-colheita dos  frutos, altamente perecíveis, provocou grandes perdas e os preços, que  inicialmente eram rentáveis, começaram a cair em razão da oferta  crescente, o que causou desistência por parte de muitos produtores. No  Estado de São Paulo, principal produtor da região sudeste, a produção se  disseminou rapidamente, porém apenas algumas regiões se destacaram  (MANICA et al., 2003).
Ainda segundo Manica et al. (2003), a  maioria dos pomares de acerola é formada por pequenos produtores (menos  de 20 ha), compreendendo cerca de 62% da área plantada do país. No  tocante aos médios e grandes produtores, estes correspondem  respectivamente, a 16% e 22% da área total cultivada e são encontrados,  sobretudo nas regiões Norte e Nordeste, sendo que geralmente estes  plantios estão vinculados às agroindústrias.
O estado de São Paulo tem hoje uma área  de 597,4 ha ocupados com a cultura da acerola, distribuídos em 338  propriedades rurais. O município de Junqueirópolis destaca-se como maior  produtor do Estado com 176,8 ha plantados com a cultura em 117  propriedades (CATI, 2009).
No mercado interno, a acerola é comercializada principalmente na forma de polpa congelada e fruto in natura.  Os sucos em embalagens longa vida representam ainda uma parcela muito  reduzida do mercado. A acerola entra no mercado interno para os  consumidores que preferem sucos naturais, sem concorrência, devido ao  seu alto teor de vitamina C e como um produto de primeira qualidade.  Outros produtos de acerola que podem ser encontrados no mercado interno  são: acerola em pó, acerola com vitamina E e cápsulas medicinais de  vitamina C pura, geléias e doces (MANICA et al., 2003).
2. Características morfológicas da planta
Trata-se de um arbusto de tamanho médio,  com 2 a 3 m de altura, com os ramos densos e espalhados. As folhas  medem de 2,5 a 7,5 cm de comprimento, de coloração verde-escura,  brilhante na face superior e verde pálida na face inferior (JUNQUEIRA et  al., 2004). Apresentam pelos urticantes que causam alergia às pessoas  mais susceptíveis (SIMÃO, 1998).
As flores são perfeitas, de coloração  rosa-esbranquiçada a vermelha. São dispostas em cachos de 3 a 5 flores,  nas axilas dos ramos em crescimento (JUNQUEIRA et al., 2004).
As inflorescências podem tanto  originar-se na axila de folhas dos ramos maduros em crescimento, como  também dos ramos recém brotados. Estas surgem sempre após um surto de  crescimento vegetativo (MANICA et al., 2003).
O fruto da aceroleira é de tamanho,  forma e peso variáveis. A casca é fina e delicada, o tamanho varia de 1 a  2,5 cm de diâmetro e o peso de 3 a 15 g . Quanto à cor, os frutos  maduros podem apresentar diferentes tonalidades, que vão do amarelo ao  vermelho intenso ou roxo. Possuem normalmente três sementes protegidas  por invólucro de consistência de pergaminho. O sabor varia de levemente  ácido a muito ácido (JUNQUEIRA et al., 2004).
A abertura da flor é observada  aproximadamente dos 15 aos 17 dias após o aparecimento dos botões e no  total, até o amadurecimento dos frutos, leva-se de 22 a 32 dias (SIMÃO,  1998).
Os frutos são altamente suculentos (73%  do peso do fruto) e com teor de ácido ascórbico variando entre 1.325 a  5.000mg/100g de suco, o que corresponde a até 80 vezes a quantidade  encontrada em limões e laranjas (TEIXEIRA & AZEVEDO, 1994). Além da  vitamina C, é uma fonte razoável de pró-vitamina A, também contém  vitaminas do complexo B como tiamina (B1), riboflavina (B2) e niacina  (B3) e minerais como cálcio, ferro e fósforo (RITZINGER & RITZINGER,  2004).
 
3. Potencial Produtivo
O Brasil apresenta condições ideais para  o cultivo da acerola, sendo que uma das grandes vantagens do cultivo  dessa frutífera é o elevado número de safras/ano, sendo geralmente  4/ano, podendo chegar a 7 safras no caso de cultivos irrigados  (JUNQUEIRA et al., 2004).
Ainda segundo Junqueira et al. (2004), o  Centro Oeste e os Estados de Minas Gerais e São Paulo têm implementado  de forma acentuada o plantio da aceroleira, principalmente para a  produção de polpa e suco, uma vez que a acerola apresenta tendência à  expansão como uma das principais culturas de exportação da fruticultura  brasileira. Vem sendo consumida de forma crescente, principalmente pelos  japoneses, europeus e norte-americanos (TITTOTO et al., 1998, apud,  CORREA et al., 2002).
A utilização de novos cultivares, as  crescentes aplicações de nutrientes juntamente com a prática da  irrigação têm sido responsáveis por um grande aumento na produtividade  dos pomares comerciais.
 A propagação da cultura por meio de  mudas produzidas a partir de estacas de plantas superiores, possibilitou  a seleção de variedades mais produtivas a curto prazo e esta tem sido a  principal metodologia adotada nos programas de melhoramento genético  (MANICA et al., 2003).
Mesmo sendo a aceroleira uma planta  rústica e facilmente adaptável aos mais variados tipos de solo, requer  um manejo cuidadoso quanto à adubação e nutrição, principalmente em  pomares para fins de exportação (GONZAGA NETO & SOARES, 1994). A  nutrição mineral da aceroleira ainda é pouco estuda no Brasil, porém é a  prática mais importante em termos percentuais, para o incremento da  produtividade (MANICA et al., 2003).
Para o fator água, segundo Teixeira  & Azevedo (1994) a planta de acerola é bastante resistente a seca,  suportando períodos de acentuadas deficiências hídricas, desde que  atendidas as necessidades térmicas da planta, apresentando uma boa  produção numa faixa de 1.200 a 2.000 mm anuais de chuva. Porém a  possibilidade do uso da irrigação em períodos secos é considerada  vantajosa, já que a presença de umidade no solo associada à temperatura  elevada evita que a planta entre em repouso, vegetando e florescendo  normalmente, ampliando o período produtivo (MANICA et al., 2003).
Busca-se hoje, a formação de pomares com  produção acima de 100 kg/planta/ano, frutos com 8-10 g cada, com polpa  avermelhada e teor de vitamina C superior a 2000 mg/100g de suco (LIMA,  2006). A produtividade média nacional é de 40 kg/planta/ano (RITZINGER  & RITZINGER, 2004).
4. Referências bibliográficas
COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL - CATI. Secretaria de  Agricultura e Abastecimento. Levantamento Censitário das Unidades de  Produção Agropecuária do Estado de São Paulo. Disponível em:  HTTP://www.cati.sp.gov.br/projetolupa/.  Acesso em: 24 de agosto de  2009.
CORRÊA, F. L. de O.; SOUZA, C. A. S.; MENDONÇA, V.; CARVALHO, J. G. de.  Acúmulo de nutrientes em mudas de aceroleira adubadas com fósforo e  zinco. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 24, n. 3, p. 765-769.  Jaboticabal-SP. 2002.
GONZAGA NETO, L.; SOARES, J. M. Acerola para exportação: aspectos  técnicos da produção. Brasília: Embrapa-SPI/ FRUPEX, 1994. 43 p.
JUNQUEIRA, K. P.; PIO, R.; VALE, M. R. do; RAMOS, J.D. Cultura da acerola. UFLA, Lavras-MG. 27 p. 2004.
LIMA, R. de L. S. de; SIQUEIRA, D. L. de; WEBER, O. B.; CAZETTA, J. O.  Comprimento de estacas e porte do ramo na formação de mudas de  aceroleira. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal-SP, v. 28,  n.1, p. 83-86. 2006.
MANICA, I.; ICUMA, I. M.; FIORAVANÇO, J. C.; PAIVA, J. R. de; PAIVA, M.  C.; JUNQUEIRA, N. T. V. Acerola: tecnologia de produção, pós-colheita,  congelamento, exportação, mercados. Porto Alegre, 2003. 397 p.
PORTAL DO AGRONEGÓCIO. Produção de frutas ganha força no Brasil.  Disponível em: http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?=5982.  Acesso em: 24 de agosto de 2009.
RITZINGER, R. & RITZINGER, C. H. S. P. Acerola – aspectos gerais da  cultura. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. Cruz das Almas-BA. 2  p. 2004.
SIMÃO, S. Cereja das Antilhas. In: Tratado de Fruticultura. Piracicaba: FEALQ, 1998. cap. 7, p. 405-418.
TEIXEIRA, A. H. de C. & AZEVEDO, P. V. de. Potencial agroclimático  do estado de Pernambuco para o cultivo da acerola. Revista Brasileira de  Agrometeorologia. v. 2, P. 105-113. Santa Maria. 1994.
 
 
 
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