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Informações sobre a pupunha



1 - Dados botânicos e região de ocorrência

A pupunha (Bactris Gasipaes H.B.K.), da família das palmácias, foi cultivada pelos ameríndios pré-colombianos na região neotropical úmida; hoje essa espécie encontra-se distribuída desde Honduras até a Bolívia. Ocorre na costa atlântica das Américas Central e do Sul, até São Luiz, no Maranhão, e também ao longo da costa do Pacífico, do sul da Costa Rica até o norte do Peru. Seus frutos, de sabor muito apreciado, estão definitivamente integrados nos hábitos alimentares da área que cobre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Na região ainda predomina o consumo do fruto, mas a produção de palmito a partir de cultivos da pupunheira começa a se dinamizar, com plantios em escalas consideráveis no Pará, Acre, Rondônia e Mato Grosso. A cultura também passa por intenso processo de disseminação fora da Amazônia, principalmente no Sudeste. Em São Paulo, atualmente, a pupunheira está sendo plantada em praticamente todo o estado, num processo semelhante ao que ocorreu com a seringueira anos atrás. Todo esse impulso que a cultura vem recebendo é motivado pelas boas perspectivas do mercado de palmito.

A pupunheira é uma palmeira multicaule, nativa da Amazônia, que chega a atingir até 20m de altura e 15 a 25 cm de diâmetro nos indivíduos adultos, com a ocorrência de espinhos finos e pontiagudos, exceto nos indivíduos inermes. Folhas geralmente em número de 20 por indivíduo, pinado-crispadas, de 3 a 4m de comprimento, com a raque e a bainha revestidas de espinhos bem pequenos nos segmentos. As inflorescências nascem abaixo das folhas e são protegidas por espatas densamente espinhosas. Cada indivíduo pode emitir de 8 a 10 inflorescências; porém, o mais frequente é de 3 a 4 . As flores masculinas são em número muito superior ao das femininas, sendo estas bem maiores; ocasionalmente são encontradas, entre dois tipos, algumas flores hermafroditas. Na antese, as flores exalam um cheiro característico pelo qual são atraídos os insetos polinizadores, aos milhares. Os frutos são ricos em proteínas, carboídratos e vários elementos minerais, como cálcio, ferro e fósforo, entre outros, com alto teor de vitamina A.

São frutos de forma, tamanho e cor variáveis; quando maduros podem ter o epicarpo (casca) vermelho, amarelo, alaranjado ou totalmente verde; quanto à forma podem ser globosos, ovóides ou cônico-globosos, tendo a base mais ou menos aplanada, cálice persistente; o tamanho varia de 1 a 1,5 cm de diâmetro nos frutos sem caroço (partenocárpicos) a até 7 cm nos frutos normais; o mesocarpo é amarelo-alaranjado, espesso, carnoso-amiláceo, as vezes mais ou menos fibroso, oleoso ou não. Característica importante desta planta é a sua capacidade de perfilhamento, sendo comum encontrar exemplares com 5 perfilhos.

Os ameríndios começaram a realizar, empírica e instintivamente, um melhoramento das características genéticas da pupunha através da seleção de plantas com frutos de bom tamanho ou sem espinhos na estipe (o que facilitava o manejo). Deste modo, hoje é possível encontrar populações de pupunheiras com características bastante diversas, constituindo diferentes variedades.

A planta está adaptada a uma ampla faixa de condições ecológicas nos trópicos. Originária das regiões tropicais, com altas precipitações pluviais e solos pobres, cresce melhor quando a chuva é abundante (1.900 á 6.000mm) e pode ser cultivada desde o nível do mar, até 800metros de altitude. Floresce quase o ano inteiro, porém com maior intensidade durante os meses de agosto a dezembro. A maturação de seus frutos ocorre principalmente nos meses de dezembro a julho.
Atualmente, sua importância como alimento e o seu potencial tecnológico têm sido incentivado através de pesquisas realizadas no Brasil, Colômbia, Peru e Costa Rica.

2 - Possibilidades comerciais e industriais da pupunha

A pupunheira pode ser aproveitada totalmente: sua palmeira é empregada em paisagismo; sua raiz como vermicida; seu estipe (tronco) como madeira para construção de casas, fortificações, arcos, flechas, arpões e varas de pescar; suas flores masculinas, depois de caírem, como tempero; suas folhas, na coberturas para habitações, teceduras de cestas e outros objetos; seus frutos, motivo principal do cultivo praticado pelos índios, são comidos cozidos. Além do consumo direto dos frutos, após cozimento em água e sal, podem eles gerar uma série de subprodutos após industrializados.

Depois do cozimento dos frutos pode ser obtida uma farinha seca, similar às farinhas de mandioca, milho e trigo, cereais que a região amazônica importa em grande quantidade. Este produto pode ser consumido junto com outros alimentos e na elaboração de bolos e pizzas; pode ser utilizado em panificação, pastelaria e outros alimentos à base de farinha. A massa oriunda dos frutos também produz um sorvete muito saboroso. Além disso, os frutos de aparência inferior podem ser aproveitados na fabricação de ração para animais.

Todo o processo para elaboração desses produtos é realizado de forma artesanal, em nível experimental, sem uma escala industrial convencional. Os caules secundários, de alto valor para alimentação, podem ser consumidos como palmito. Atualmente o palmito é extraído principalmente do açaí, de ocorrência na região norte, e de outras palmáceas nativas da Mata Atlântica. Estas últimas, anteriormente abundantes, estão quase dizimadas pela exploração predatória. Assim, o palmito é hoje produzido sobretudo a partir das grandes concentrações naturais de açaizeiros do estuário amazônico. Embora dando mostras de abrandamento nos últimos anos, o processo de exploração dos açaizais nativos tem usado os mesmos métodos que levaram à quase dizimação das palmáceas da Mata atlântica. Nesse contexto surge, como alternativa complementar à exploração extrativista, o cultivo da pupunheira, visando à produção de palmito. Existem na região Amazônica inúmeras plantações de pupunha sem espinhos, que perfilham e oferecem condições de corte no segundo ano de vida, apresentando maior diâmetro do que o açaí, com palmito de excelente qualidade. Na Costa Rica, país latino-americano mais adiantado no desenvolvimento da produção agroflorestal, a agroindústria desenvolveu-se com base na pupunheira.

Atualmente, existe um grande interesse pelo cultivo da pupunheira em estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso e Goiás, com muitos projetos implantados e em implantação.

Data Edição: 21/10/2005
Fonte: www.fieam.org.br/invest/pupunha.htm
Raphael Chespkassoff

Raphael Chespkassoff

Publicitário, fotógrafo e amante da natureza. A ideia deste blog é realizar a troca de experiências e informações.

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